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Por SERGIO RICARDO 08 fev., 2024
é sempre um desafio falar de si, principalmente na era da superficialidade e conteúdos ultra rápidos, mas como diria o poeta: “eu sou apenas um rapaz latino-americano, sem dinheiro no banco”, etc, etc. nunca foi meu objetivo principal virar designer e trabalhar com moda, até porque eu sempre achei que nada disso fosse possível pra mim e pra pessoas como eu. sou cearense, de Fortaleza, tenho 33 anos vividos como qualquer outro garoto gay de classe média do nordeste brasileiro. cheio de incertezas, frustrações e histórias vividas - algumas lembradas com carinho e outras esquecidas propositalmente no divã da minha terapeuta. formado em publicidade e propaganda e APAIXONADO por comunicação e por GENTE, ao longo dos anos, eu fui nutrindo uma paixão muito genuína sobre como a moda podia mudar a minha percepção sobre mim mesmo, e sobre como algo de errado não estava certo na maneira como as pessoas enxergavam o lugar de onde eu vinha e pessoas que vinham do lugar de onde eu vinha. “você não parece nordestino” sempre foram frases ouvidas com muita frequência em conversas com outras pessoas de outros centros urbanos brasileiros. mas o que é parecer ser nordestino, não é mesmo? os anos passaram, eu mudei para Brasília e me formei em design de moda, sempre tentando encontrar o meu lugar nesse universo que achava que não fosse pra mim. meu trabalho começou a tomar forma, personalidade e eu comecei a entender que nós não somos um só. somos múltiplos, um pouco fragmentados talvez, rs, mas únicos. uma grande capacidade minha foi entender que o lugar de onde eu vim e o lugar onde eu moro hoje, me construíram como pessoa e profissional. que o meu trabalho carrega muito desses dois lugares: o artesanal que me transporta para os finais de semana viajando de carro com os meus avós e parando na estrada para comprar frutas e artesanatos, e o tecnológico de uma cidade com ares modernistas e futuristas, que hoje eu reconheço como lar. para alguns, sou o serginho, para outros calado e para a maioria, eu sou o sergio, casado com o lauro e pai da sophia, ariella e naomi. prazer, sou todos esses e mais alguns. *me desculpem apresentar-me assim, por escrito. é que eu sou analógico.
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